Ação e reação no ambiente corporativo

O respeito às diferentes formas de pensar é uma das bases para alcançar melhores resultados.

Toda organização opera como um sistema em que resolver problemas mistura-se a uma segunda camada de complexidade: a presença de diferentes pessoas e grupos que verdadeiramente veem o mundo de formas distintas. Para conseguirmos ser eficazes trabalhando nesse meio, precisamos nos tornar mais conscientes dessas diferenças. Entender como as inúmeras formas de pensar nos afetam emocionalmente nos possibilita desenvolver modelos mentais que gerem melhor convivência com as pessoas.

Nas relações humanas, para cada ação (positiva ou negativa) temos uma reação (também positiva ou negativa). Ocorre de forma similar ao que aprendemos com a mecânica. A diferença é que, na mecânica, o tempo de resposta para a ação é imediato, enquanto nas relações humanas o tempo de resposta é variável, podendo ser imediato, levar meses, anos ou, até mesmo, não acontecer. Olhar com cuidado a forma como interagimos com as pessoas nos possibilita entender a razão para as relações não estarem indo bem e definir formas de melhorar. Existem dois tipos de reações: as que as pessoas sofrem pelas nossas ações e as que sofremos diante da ação dos demais. Precisamos nos conscientizar de ambas para evitar que nossos aspectos emocionais gerem entraves na entrega de resultados e atrapalhem o desenvolvimento de nossas carreiras. Vamos a um exemplo, dentre os muitos, que vivenciei na minha experiência profissional.

João precisava contratar alguém urgentemente para conseguir entregar os projetos do seu departamento. Para obter as aprovações para tal, agendou uma reunião com os setores de Recursos Humanos e Finanças. Marcelo, do setor financeiro, disse que a empresa não tinha orçamento disponível e Adriana, do RH, disse que a empresa tinha mais funcionários que deveria quando somados todos os departamentos. João ficou irritado com as respostas que pareciam padronizadas e sempre se repetiam quando se encontrava nessa situação. Ele expôs sua irritação ao grupo ao dizer que eles não se importavam com seu problema, afinal quem não entregaria os resultados seria o departamento dele. Adriana sugeriu uma redistribuição de pessoas entre os departamentos, João vetou a proposta veementemente e com bastante irritação. Disse que precisava de pessoas com qualificação técnica em sua área, o que não existia em outros departamentos. Marcelo sugeriu que João montasse um relatório para ser levado à diretoria para tentar aprovar algo diferente. João, ainda irritado, disse que esse caminho não tinha funcionado no passado e só iria lhe dar ainda mais trabalho. João terminou a reunião de forma abrupta e com todos os envolvidos irritados.

Algumas semanas depois, Adriana estava discutindo com a diretoria nomes a serem indicados para um treinamento de desenvolvimento para liderança. O nome de João, apesar de ser um dos mais promissores da organização, não entrou na lista. Será isso uma coincidência ou temos a Lei de Ação e Reação atuando? Jamais poderemos provar a relação entre os dois fatos e essa é a magia das relações humanas. As conexões nunca são claras como a lei da física, são muito mais complexas. Por isso, devemos nos policiar para minimizar os efeitos das nossas emoções. Onde João errou? Errou em não aceitar os fatos trazidos pelos dois departamentos. Errou por não trabalhar com essas pessoas para definir estratégias para resolver seu problema. Em seguida, errou por não ter ligado posteriormente, depois de acalmar-se, para se retratar e tentar definir outras formas de solucionar o problema. Todos nós temos momentos em que saímos da linha. Precisamos ser maduros para reconhecê-los e tomar as ações necessárias para minimizar seus efeitos e evitar repetições.

Deixo ao leitor a tarefa de identificar exemplos onde atuou como João e como a pessoa do RH. Identificar esses exemplos o ajudará a aumentar seu domínio pessoal e a ajustar seus modelos mentais para melhorar sua eficácia.

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